Princípios de Gestalt na organização de elementos visuais

Marciele Rommel
5 min readJan 2, 2020

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Os princípios de Gestalt são inerentes no ser humano pois fazem parte do processo cognitivo neural. Identificados desde no século 20 por psicólogos e psiquiatras que estudavam o cérebro humano, as leis foram criadas para identificar formas e padrões que fazem parte do processo natural de leitura e gravação cerebral humana, com isso atualmente esses padrões podem ser utilizados no design para tornar a estética visualmente mais atrativa, porém naquela época para os psicólogos era utilizado para identificar pessoas com problemas cognitivos visuais.

Ao se deparar com regras pensamos em padrões a serem seguidos. Nesse caso dos princípios de Gestalt, eles vieram diante das regras de psicologia e cognição estudadas à partir da lei de Prägnanz, e estão diante de nós para nos auxiliar e visualizar padrões neurais e cognitivos que servem para aprimorar o nosso entendimento sobre a percepção visual.

Necessariamente servem para compreender forma e arranjos visuais mais simples organizando diferentes elementos de forma mais estável e coerente.

A abordagem gestaltista da percepção das formas foi descoberta por Kust Koffka (1886–1941), Wolfgang Köhler (1887–1968) e Max Wertheimer (1880–1943) e tiveram como base de que o grupo todo difere da soma das parte individuais.

Os princípios de Gestalt incluem percepção das figura-fundo, proximidade, semelhança, continuidade, fechamento e simetria.

Ao observar o ambiente em que vivemos percebemos agrupamentos, e se nos aproximarmos vemos agrupamentos de objetos próximos (proximidade), ou de objetos parecidos (semelhança).Consideramos objetos complexos mesmo que enxerguemos somente uma parte deles (fechamento), linhas e pontos contínuos que dão sensação de continuidade e modelos simétricos.

Ao entrarmos em algum local percebemos as figuras que se sobressaem das outras e estão mais próximas à frente com fundo recuado, sendo o conceito de figura-fundo.

Cognitive Psycology (7. ed). I. Sternberg, Karin.

Figura-Fundo

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Quando percebemos um campo visual, alguns objetos (figuras) parecem destacados e outros aspectos do campo recuam no fundo.

A figura dos biscoitos está à mostra frontal, e no segundo plano podemos ver seu fundo.

Proximidade

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Quando percebemos uma variedade de objetos, a tendência é ver os que estão próximos como um grupo.

O pirulitos agrupados entre si dão a sensação de proximidade ao olharmos o grupo como um todo, suas cores e ordenamento invocam o principio da proximidade.

Semelhança

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A tendência é agrupar objetos com base na semelhança.

Na imagem ao lado você percebe que os objetos possuem formas semelhantes. Esse agrupamento por semelhança fica mais intenso quando a cor é a mesma, como no caso do amarelo, além da semelhança, o principio da proximidade também é mais intenso.

Continuidade

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A tendência é perceber formas que fluem de modo regular ou continuo, em vez de formas interrompidas ou não contínuas.

Este é um sorvete com principio de continuidade. O envelope enrolado na casquinha traz a sensação de continuidade pois começa abaixo da mão da pessoa que segura e continua até o final.

Fechamento

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A tendência é fechar ou completar objetos que,na ralidade, não são completos.

Este caso da mensagem com riscos por fora que para o nosso cérebro se tornam círculos é o principio do fechamento. Os círculos não existem mas nosso cérebro insiste em nos mostrar que eles se completam.

Lei da simetria

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A tendência é perceber objetos como se formassem imagens de espelho ao redor do próprio centro.

Observando por exemplo os losangos na imagem, percebe-ser também dois triângulos em cada um deles, como se fossem o espelhamento de sua própria matriz que a completa.

Representações do observador e do objeto

De que forma são visualizados os objetos, o objeto está para nós ou nós estamos para os objetos?

No posicionamento mental da representação centrada no observador, o pessoa armazena a forma como o objeto lhe parece. Os formatos do objetos mudam, dependendo do ângulo que olhamos. Uma quantidade de visualizações do objeto é armazenada e , quando temos que reconhecê-lo, giramos o objeto mentalmente até que se ajuste à imagem armazenada.

A representação centrada no objeto diz que a pessoa armazena uma representação do objeto, independentemente da aparência que tem para o observador. Nesse caso, o objeto ficara estável pelas diferentes orientações (McMullen e Farah, 1991). Esta estabilidade pode ser alcançada estabelecendo-se os eixos maiores e menores do objetos que servem de base para definição de suas propriedades adicionais.

As principais diferenças seriam que se ele representa o objeto e as partes em relação às pessoas (centrada no observador) ou a relação co objeto como um todo, independentemente da própria posição (centrada no objeto).

Reconhecimento de padrões

De acordo com Martha Farah o ser humano possui dois sistemas de reconhecimento de padrões. O primeiro sistema é responsável por detectar partes de objetos e depois monta-las em um sistema inteiro (sistema de análise de características).Um bom exemplo é quando estamos estudando partes do corpo humano, cada parte possui seu nome e suas características distintas observando parte por parte.O segundo sistema (sistema configuracional) é especializado no reconhecimento de configurações maiores,sem analisar as partes e sua construção. Por exemplo, ao admirar uma flor em um jardim se admira por completo e não apenas uma parte, sendo assim é o segundo sistema.

O segundo sistema é mais relevante para o reconhecimento de fisionomia , sendo assim ao olhar para um amigo que você vê todos os dias e ele muda o óculos ou o corte de cabelo geralmente não se percebe pelo fato de observamos ele com o segundo sistema. O ser humano é muito dependente desse sistema no seu dia a dia por isso não consegue perceber que houveram mudanças de aparência na pessoas.

Referências: Cognitive Psycology (7. ed). I. Sternberg, Karin. Costa, Marcelo Fernandes da.

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Marciele Rommel

UI/UX Designer com experiência em desenvolvimento de sistemas. Amo design, inovação, tecnologia, música, aquarela, ilustração e livros.