Princípios de Gestalt na organização de elementos visuais
Os princípios de Gestalt são inerentes no ser humano pois fazem parte do processo cognitivo neural. Identificados desde no século 20 por psicólogos e psiquiatras que estudavam o cérebro humano, as leis foram criadas para identificar formas e padrões que fazem parte do processo natural de leitura e gravação cerebral humana, com isso atualmente esses padrões podem ser utilizados no design para tornar a estética visualmente mais atrativa, porém naquela época para os psicólogos era utilizado para identificar pessoas com problemas cognitivos visuais.
Ao se deparar com regras pensamos em padrões a serem seguidos. Nesse caso dos princípios de Gestalt, eles vieram diante das regras de psicologia e cognição estudadas à partir da lei de Prägnanz, e estão diante de nós para nos auxiliar e visualizar padrões neurais e cognitivos que servem para aprimorar o nosso entendimento sobre a percepção visual.
Necessariamente servem para compreender forma e arranjos visuais mais simples organizando diferentes elementos de forma mais estável e coerente.
A abordagem gestaltista da percepção das formas foi descoberta por Kust Koffka (1886–1941), Wolfgang Köhler (1887–1968) e Max Wertheimer (1880–1943) e tiveram como base de que o grupo todo difere da soma das parte individuais.
Os princípios de Gestalt incluem percepção das figura-fundo, proximidade, semelhança, continuidade, fechamento e simetria.
Ao observar o ambiente em que vivemos percebemos agrupamentos, e se nos aproximarmos vemos agrupamentos de objetos próximos (proximidade), ou de objetos parecidos (semelhança).Consideramos objetos complexos mesmo que enxerguemos somente uma parte deles (fechamento), linhas e pontos contínuos que dão sensação de continuidade e modelos simétricos.
Ao entrarmos em algum local percebemos as figuras que se sobressaem das outras e estão mais próximas à frente com fundo recuado, sendo o conceito de figura-fundo.
Figura-Fundo
Quando percebemos um campo visual, alguns objetos (figuras) parecem destacados e outros aspectos do campo recuam no fundo.
A figura dos biscoitos está à mostra frontal, e no segundo plano podemos ver seu fundo.
Proximidade
Quando percebemos uma variedade de objetos, a tendência é ver os que estão próximos como um grupo.
O pirulitos agrupados entre si dão a sensação de proximidade ao olharmos o grupo como um todo, suas cores e ordenamento invocam o principio da proximidade.
Semelhança
A tendência é agrupar objetos com base na semelhança.
Na imagem ao lado você percebe que os objetos possuem formas semelhantes. Esse agrupamento por semelhança fica mais intenso quando a cor é a mesma, como no caso do amarelo, além da semelhança, o principio da proximidade também é mais intenso.
Continuidade
A tendência é perceber formas que fluem de modo regular ou continuo, em vez de formas interrompidas ou não contínuas.
Este é um sorvete com principio de continuidade. O envelope enrolado na casquinha traz a sensação de continuidade pois começa abaixo da mão da pessoa que segura e continua até o final.
Fechamento
A tendência é fechar ou completar objetos que,na ralidade, não são completos.
Este caso da mensagem com riscos por fora que para o nosso cérebro se tornam círculos é o principio do fechamento. Os círculos não existem mas nosso cérebro insiste em nos mostrar que eles se completam.
Lei da simetria
A tendência é perceber objetos como se formassem imagens de espelho ao redor do próprio centro.
Observando por exemplo os losangos na imagem, percebe-ser também dois triângulos em cada um deles, como se fossem o espelhamento de sua própria matriz que a completa.
Representações do observador e do objeto
De que forma são visualizados os objetos, o objeto está para nós ou nós estamos para os objetos?
No posicionamento mental da representação centrada no observador, o pessoa armazena a forma como o objeto lhe parece. Os formatos do objetos mudam, dependendo do ângulo que olhamos. Uma quantidade de visualizações do objeto é armazenada e , quando temos que reconhecê-lo, giramos o objeto mentalmente até que se ajuste à imagem armazenada.
A representação centrada no objeto diz que a pessoa armazena uma representação do objeto, independentemente da aparência que tem para o observador. Nesse caso, o objeto ficara estável pelas diferentes orientações (McMullen e Farah, 1991). Esta estabilidade pode ser alcançada estabelecendo-se os eixos maiores e menores do objetos que servem de base para definição de suas propriedades adicionais.
As principais diferenças seriam que se ele representa o objeto e as partes em relação às pessoas (centrada no observador) ou a relação co objeto como um todo, independentemente da própria posição (centrada no objeto).
Reconhecimento de padrões
De acordo com Martha Farah o ser humano possui dois sistemas de reconhecimento de padrões. O primeiro sistema é responsável por detectar partes de objetos e depois monta-las em um sistema inteiro (sistema de análise de características).Um bom exemplo é quando estamos estudando partes do corpo humano, cada parte possui seu nome e suas características distintas observando parte por parte.O segundo sistema (sistema configuracional) é especializado no reconhecimento de configurações maiores,sem analisar as partes e sua construção. Por exemplo, ao admirar uma flor em um jardim se admira por completo e não apenas uma parte, sendo assim é o segundo sistema.
O segundo sistema é mais relevante para o reconhecimento de fisionomia , sendo assim ao olhar para um amigo que você vê todos os dias e ele muda o óculos ou o corte de cabelo geralmente não se percebe pelo fato de observamos ele com o segundo sistema. O ser humano é muito dependente desse sistema no seu dia a dia por isso não consegue perceber que houveram mudanças de aparência na pessoas.
Referências: Cognitive Psycology (7. ed). I. Sternberg, Karin. Costa, Marcelo Fernandes da.